Banco Central tem instrumentos para intervir na cotação do dólar.
Já o Ministério da Fazenda, se quiser, pode mexer na alíquota do IOF.
por Alexandro Martello
A alta do dólar é uma preocupação do Banco Central, pois tem impacto na inflação. Isso acontece porque insumos e produtos importados ficam mais caros e tendem a ser repassados aos preços finais.
Para interferir nesse mercado, o BC tem três tipos de instrumento: pode atuar com os contratos de "swaps cambiais", com os leilões de linha e com a venda direta de dólares do mercado.
Entenda como funcionam esses instrumentos:
Por meio dos contratos de “swap cambial”, o BC realiza uma operação que equivale à uma venda de moeda no mercado futuro (derivativos), o que reduz a pressão sobre a alta da moeda.
Os swaps são contratos para troca de riscos: o BC oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento desses contratos, o investidor se compromete a pagar uma taxa de juros sobre o valor deles e recebe do BC a variação do dólar no mesmo período.
Esses contratos servem também para dar “proteção” aos agentes que têm dívida em moeda estrangeira – neste caso, quando o dólar sobe, eles recebem sua variação do BC.
O BC vem usando os swaps desde junho de 2013, quando o dólar atingiu R$ 2,40. O estoque desses títulos hoje está próximo de R$ 370 bilhões (patamar do fim de julho). Mas quando o dólar sobe, o BC registra perdas: em 2015, até 18 de setembro, as perdas do BC com essas operações já somavam R$ 97 bilhões. Se o dólar cair, no entanto, o BC tem lucro com os swaps.
"Os swaps trazem a tranquilidade para que não haja desespero para sair [tirar recursos do país]. Se o sujeito está com o preço protegido, não há porque ter pressa. Isso é verdadeiro, tanto que o fluxo [de dólares para o Brasil] está positivo [mais de US$ 10 bilhões ingressaram no Brasil em 2015]", avaliou o economista Sidnei Nehme, da NGO Corretora, especialista no mercado de câmbio.